quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Baú do Mário

MENININHO DOENTE

Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.

Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola...

Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.

Ele trabalha silenciosamente...
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente...


DAS FALSAS POSIÇÕES

Com a pele do leão vestiu-se o burro um dia.
Porém no seu encalço, a cada instante e hora,
"Olha o burro! Fiau! Fiau!" gritava a bicharia...
Tinha o parvo esquecido as orelhas de fora!


CANÇÃO DE GAROA

Em cima do meu telhado,
Pirulin lulin lulin
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.

O relógio vai bater:
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.

E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin


RUA DOS CATAVENTOS - II

Dorme, ruazinha... É tudo escuro...
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos...

Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro...
Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos...

O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão...
Dorme ruazinha... Não há nada...

Só os meus passos... Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração...


O ESPELHO

E como eu passasse por diante do espelho
não vi meu quarto com as suas estantes
nem este meu rosto
onde escorre o tempo.

Vi primeiro uns retratos na parede:
janelas onde olham avós hirsutos
e as vovozinhas de saia-balão
como pára-quedistas às avessas que subissem do fundo do tempo.

O relógio marcava a hora
mas não dizia o dia. O Tempo,
desconcertado,
estava parado.

Sim, estava parado
em cima do telhado...
como um catavento que perdeu as asas!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Baú da Henriqueta

MAMÃEZINHA

Mamãezinha, conta,
conta uma história!

Mamãezinha agora
está no fogão
fazendo quitutues
para o seu neném.

Mamãezinha, conta,
conta uma história!

Mamãezinha agora
está no tanque
lavando as roupas
do seu neném.

Conta, Mamãezinha,
conta uma história!

Mamãezinha agora
está no seu sono
cansado, sem sonhos.


PIRILAMPOS

Quando a noite
vem baixando,
nas várzeas ao lusco-fusco
e na penumbra das moitas
e na sombra erma dos campos,
piscam piscam pirilampos.

São pirilampos ariscos
que acendem pisca-piscando
as suas verdes lanternas,
ou são claros olhos verdes
de menininhos travessos,
verdes olhos semitontos,
semitontos mas acesos
que estão lutando com o sono?


CORAÇÃOZINHO

Coraçãozinho que bate
tic-tic
Reloginho de Papai
tic-tac
Vamos fazer uma troca?
tic-tic-tic-tac
Relógio fica comigo
tic-tic
dou coração a Papai
tic-tic-tac.


POMAR

Menino - madruga

o pomar não foge!
(Pitangas maduras
dão água na boca.)

Menino descalço
não olha onde pisa.
Trepa pelas árvores
agarrando pêssegos.
(Pêssegos macios
como paina e flor.
Dentadas de gosto!)

Menino, cuidado,
Jabuticabeiras
novinhas em folha
não agüentam peso.

Rebrilham cem olhos
agrupados, negros.
E as frutas estalam
- espuma de vidro -
nos lábios de rosa.
Menino guloso!

Menino guloso,
ontem vi um figo
mesmo que um veludo,
redondo, polpudo,
e disse: este é meu!
Meu figo onde está?

- Passarinho comeu,
passarinho comeu...


O TEMPO É UM FIO

O tempo é um fio
bastante frágil.
Um fio fino
que à toa escapa.

O tempo é um fio.
Tecei! Tecei!
Rendas de bilro
com gentileza.
Com mais empenho
franças espessas.
Malhas e redes
com mais astúcia.

O tempo é um fio
que vale muito.

Franças espessas
carregam frutos.
Malhas e redes
apanham peixes.

O tempo é um fio
por entre os dedos.
Escapa o fio,
perdeu-se o tempo.

Lá vai o tempo
como um farrapo
jogado à toa!

Mas ainda é tempo!

Soltai os potros
aos quatro ventos,
mandai os servos
de um pólo a outro,
vencei escarpas,
dormi nas moitas,
voltai com o tempo
que já se foi!...

Baú do "JP" (José Paulo)

INUTILIDADES

Ninguém coça as costas da cadeira.
Ninguém chupa a manga da camisa.
O piano jamais abana a cauda.
Tem asa, porém a xícara não voa.

De que serve o pé da mesa se não anda?
E a boca da calça se não fala nunca?
Nem sempre o botão está em sua casa.
O dente de alho não morde coisa alguma.

Ah! se trotassem os cavalos do motor ...
Ah! se fosse de circo o macaco do carro ...
Então a menina dos olhos comeria
Até bolo esportivo e bala de revólver


CONVITE


Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.


Só que
bola, papagaio,pião
de tanto brincar
se gastam.


As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.


Como a água do rio
que é água sempre nova.


Como cada dia
que é sempre um novo dia.


Vamos brincar de poesia?


ACIDENTE

Atirei um pau no gato,
mas o gato
não morreu,
porque o pau pegou no rato
que eu tentei salvar do gato
e o rato
(que chato!)
foi quem porreu.


PASSARINHO FOFOQUEIRO


Um passarinho me contou
que a ostra é muito fechada,
que a cobra émuito enrolada,
que a arara é uma cabeça oca,
e que o leão marinho e a foca..
xô , passarinho! chega de fofoca!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Baú do Vinícius

A ARCA DE NOÉ

Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.


O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente


No céu, no chão, na cascata.



E abre-se a porta da Arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca



Noé, o inventor da uva
E que, por justo e temente
Jeová, clementemente

Salvou da praga da chuva.


Tão verde se alteia a serra
Pelas planuras vizinhas
Que diz Noé: "Boa terra
Para plantar minhas vinhas!"


E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha


Brilha o arco da aliança.


Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante


Surge lenta, longa e incerta


Uma tromba de elefante.


E logo após, no buraco
De uma janela, aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece.


Enquanto, entre as altas vigas
Das janelinhas do sótão
Duas girafas amigas
De fora a cabeça botam.


Grita uma arara, e se escuta
De dentro um miado e um zurro


Late um cachorro em disputa
Com um gato, escouceia um burro.

A Arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Aos pulos da bicharada


Toda querendo sair.


Vai! Não vai! Quem vai primeiro?


As aves, por mais espertas
Saem voando ligeiro


Pelas janelas abertas.


Enquanto, em grande atropelo
Junto à porta de saída
Lutam os bichos de pelo
Pela terra prometida.


"Os bosques são todos meus!"
Ruge soberbo o leão
"Também sou filho de Deus!"
Um protesta; e o tigre — "Não!"


Afinal, e não sem custo
Em longa fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto


Vão saindo os animais.


Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida.



Conduzidos por Noé


Ei-los em terra benquista
Que passam, passam até
Onde a vista não avista


Na serra o arco-íris se esvai . . .
E . . . desde que houve essa história


Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória



Enchem o céu de seus caprichos

É doce ouvir na calada A fala mansa dos bichos

Na terra repovoada.

O GIRASSOL

Sempre que o sol

Pinta de anil

Todo o céu

O girassol

Fica um gentil

Carrossel.

O girassol é o carrossel das abelhas.


Pretas e vermelhas

Ali ficam elas

Brincando, fedelhas

Nas pétalas amarelas.

— Vamos brincar de carrossel, pessoal?


— "Roda, roda, carrossel

Roda, roda, rodador

Vai rodando, dando mel

Vai rodando, dando flor".

— Marimbondo não pode ir que é bicho mau!

— Besouro é muito pesado!

— Borboleta tem que fingir de borboleta na entrada!


— Dona Cigarra fica tocando seu realejo!

—"Roda, roda, carrossel

Gira, gira, girassol

Redondinho como o céu

Marelinho como o sol".



E o girassol vai girando dia afora . . .


O girassol é o carrossel das abelhas.


O ELEFANTINHO

Onde vais, elefantinho

Correndo pelo caminho

Assim tão desconsolado?


Andas perdido, bichinho

Espetaste o pé no espinho

Que sentes, pobre coitado?


— Estou com um medo danado

Encontrei um passarinho!





A PORTA


Eu sou feita de madeira


Madeira, matéria morta

Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.


Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de sopetão
Pra passar o capitão.



Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa . . .)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.



Eu sou muito inteligente!


Eu fecho a frente da casa

Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!


O PATO

Lá vem o Pato

Pata aqui, pata acolá

La vem o Pato

Para ver o que é que há.

O Pato pateta

Pintou o caneco

Surrou a galinha

Bateu no marreco

Pulou do poleiro

No pé do cavalo

Levou um coice

Criou um galo

Comeu um pedaço

De jenipapo

Ficou engasgado

Com dor no papo

Caiu no poço

Quebrou a tigela

Tantas fez o moço

Que foi pra panela.


A CACHORRINHA

Mas que amor de cachorrinha!


Mas que amor de cachorrinha!


Pode haver coisa no mundo

Mais branca, mais bonitinha

Do que a tua barriguinha

Crivada de mamiquinha?

Pode haver coisa no mundo

Mais travessa, mais tontinha

Que esse amor de cachorrinha

Quando vem fazer festinha

Remexendo a traseirinha?



AS BORBOLETAS

Brancas

Azuis

Amarelas


E pretas


Brincam

Na luz

As belas

Borboletas


Borboletas brancas

São alegres e francas.


Borboletas azuis

Gostam muito de luz.

As amarelinhas

São tão bonitinhas!


E as pretas, então . . .

Oh, que escuridão!

AS ABELHAS



A AAAAAAAbelha mestra

E aaaaaaas abelhinhas

Estão tooooooodas prontinhas

Pra iiiiiiir para a festa.

Num zune que zune

Lá vão pro jardim

Brincar com a cravina

Valsar com o jasmim.


Da rosa pro cravo

Do cravo pra rosa

Da rosa pro favo

Volta pro cravo.


Venham ver como dão mel

As abelhinhas do céu!


A FOCA

Quer ver a foca

Ficar feliz?

É por uma bola

No seu nariz.

Quer ver a foca

Bater palminha?

É dar a ela

Uma sardinha.

Quer ver a foca

Fazer uma briga?

É espetar ela

Bem na barriga!


A CASA


Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada


Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão

Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede

Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali

Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero.




Baú da Cecília

Colar de Carolina

Com seu colar de coral,

Carolina

corre por entre as colunas

da colina.

O colar de Carolina

colore o colo de cal,

torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor

do colar de Carolina,

põe coroas de coral

nas colunas da colina.



O cavalinho branco

À tarde, o cavalinho branco

está muito cansado:

mas há um pedacinho do campo

onde é sempre feriado.

O cavalo sacode a crina

loura e comprida

e nas verdes ervas atira

sua branca vida.

Seu relincho estremece as raízes

e ele ensina aos ventos

a alegria de sentir livres

seus movimentos.

Trabalhou todo o dia, tanto!

desde a madrugada!

Descansa entre as flores, cavalinho branco,

de crina dourada!


Leilão de Jardim

Quem me compra um jardim

com flores?

borboletas de muitas

cores,

lavadeiras e passarinhos,

ovos verdes e azuis

nos ninhos?

Quem me compra este ca-

racol?

Quem me compra um raio

de sol?

Um lagarto entre o muro

e a hera,

uma estátua da Pri-

mavera?

Quem me compra este for-

migueiro?

E este sapo, que é jar-

dineiro?

E a cigarra e a sua

canção?

E o grilinho dentro

do chão?

(Este é meu leilão!)
 
 
 

O mosquito escreve

O mosquito pernilongo

trança as pernas, faz um M,

depois, treme, treme, treme,

faz um O bastante oblongo,

faz um S.

O mosquito sobe e desce.

Com artes que ninguém vê,

faz um Q,

faz um U, e faz um I.

Este mosquito

esquisito

cruza as patas, faz um T.

E aí,

se arredonda e faz outro O,

mais bonito.

Oh!

Já não é analfabeto,

esse inseto,

pois sabe escrever seu nome.

Mas depois vai procurar

alguém que possa picar,

pois escrever cansa,

não é, criança?

E ele está com muita fome.


Sonhos da menina

A flor com que a menina sonha

está no sonho?

ou na fronha?

Sonho

risonho:

O vento sozinho

no seu carrinho.

De que tamanho

seria o rebanho?

A vizinha

apanha

a sombrinha

de teia de aranha . . .

Na lua há um ninho

de passarinho.

A lua com que a menina sonha

é o linho do sonho

ou a lua da fronha?



Ou isto ou aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol

ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,

ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,

quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa

estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,

ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .

e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,

se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda

qual é melhor: se é isto ou aquilo.



O menino azul

O menino quer um burrinho

para passear.

Um burrinho manso,

que não corra nem pule,

mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho

que saiba dizer

o nome dos rios,

das montanhas, das flores,

— de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho

que saiba inventar histórias bonitas

com pessoas e bichos

e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo

que é como um jardim

apenas mais largo

e talvez mais comprido

e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses,

pode escrever

para a Ruas das Casas,

Número das Portas,

ao Menino Azul que não sabe ler.)


A pombinha da mata

Três meninos na mata ouviram

uma pombinha gemer.

"Eu acho que ela está com fome",

disse o primeiro,

"e não tem nada para comer."

Três meninos na mata ouviram

uma pombinha carpir.

"Eu acho que ela ficou presa",

disse o segundo,

"e não sabe como fugir."

Três meninos na mata ouviram

uma pombinha gemer.

"Eu acho que ela está com saudade",

disse o terceiro,

"e com certeza vai morrer."

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Autores que também escreveram poesias infantis


VINICIUS DE MORAES


Vinícius de Moraes (Rio de Janeiro RJ, 1913 – 1980) formou-se em Direito, no Rio de Janeiro, em 1933. No mesmo ano publicou O Caminho para a Distância, seu primeiro livro de poesia. Ainda na década de 1930, são lançados Forma e Exegese (1935), Ariana, a Mulher (1936) e Novos Poemas (1938). Em 1938 viajou para a Inglaterra, para estudar Língua e Literatura Inglesa. De volta ao Brasil, ingressou na carreira diplomática; serviu nos Estados Unidos, na França e no Uruguai. Em 1956 iniciou parceria com Tom Jobim, que fez as músicas para sua peça Orfeu da Conceição. Publicou, em 1957, o Livro de Sonetos. Em 1958 foi lançado o LP Canção do Amor Demais, que inclui a música Chega de Saudade, composta por ele e Tom Jobim, marco do movimento da Bossa Nova. Nas décadas seguintes ele participaria no movimento com diversas parcerias: Baden Powell, Carlos Lyra, Edu Lobo, Francis Hime, Pixinguinha, Tom Jobim e Toquinho. Em 1965 ganhou primeiro e segundo lugares no Festival de Música Popular da TV Excelsior, com as canções Arrastão, parceria com Edu Lobo, e Canção do Amor que não Vem, parceria com Baden Powell. Vinícius de Moraes, pertencente à segunda geração do Modernismo, é um dos poetas mais populares da Literatura Brasileira. Suas canções alcançaram grande êxito de público, como Garota de Ipanema, a música brasileira mais executada no mundo. Para Otto Lara Rezende, "depois do Vinicius musical, foi o Vinicius cronista quem mais depressa chegou ao coração do grande público". Sua obra poética também teve e continua tendo muito sucesso; principalmente poemas como Soneto de Fidelidade. Ele produziu ainda poemas infantis, como os de A Arca de Noé (1970).




CECÍLIA MEIRELES


Cecília Benevides de Carvalho Meireles, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901 e veio a falecer na mesma cidade em 1964. Casou-se duas vezes e deixou três filhas.

Entre 1925 e 1939, dedicou-se a sua carreira docente publicando vários livros infantis e fundando, em 1934, a Biblioteca Infantil do Rio de Janeiro. A partir desse ano, ensinou Literatura Brasileira em Portugal (Lisboa e Coimbra) e, em 1936, foi nomeada para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, recém-fundada.

Cecília reaparece no cenário poético, após 14 anos de silêncio, com “Viagem” (1939), considerado um marco de maturidade e individualidade na sua obra: recebeu o prêmio de poesia daquele ano da Academia Brasileira de Letras. Daí em diante, dedicou-se à carreira literária, publicando regularmente até a sua morte.

Entre os vários livros de poesia publicados após 1939, têm-se: “Vaga Música” (1942), “Mar Absoluto e Outros Poemas” (1945), “Retrato Natural” (1949), “Romanceiro da Inconfidência” (1953), “Metal Rosicler” (1960), “Poemas Escritos na Índia” (1962), “Solombra” (1963) e “Ou Isto ou Aquilo” (temática infantil, 1964).

Escreveu também em prosa, dedicando-se a assuntos pedagógicos e folclóricos. Produziu também prosa lírica, com temas versando sobre sua infância, suas viagens e crônicas circunstanciais. Algumas de suas obras em prosa: "Giroflê, Giroflá" (1956), "Escolha seu Sonho" (1964) e "Inéditos" (crônicas, 1968).



SÉRGIO CAPARELLI

O escritor mineiro Sérgio Capparelli nasceu a 11 de julho de 1947, em Uberlândia, mas também pode se considerar gaúcho, pois passou grande parte da sua vida em Porto Alegre.

Aos 21 anos, entrou na faculdade de Jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde também foi professor. Lá, trabalhou nos jornais Zero Hora e Folha da Manhã. Como jornalista, Capparelli ganhou o Primeiro Prêmio em Concurso de Reportagens, promovido pela Associação Riograndense de Imprensa, aos 29 anos.

Entre 1976 e 1994, publicou nove livros infantis e dois infanto-juvenis em prosa. No ano de 1980, o escritor foi a Paris (uau!) para fazer seu doutorado em Ciências da Comunicação. Em 1982 ganhou dois prêmios Jabuti pelos livros Vovô Fugiu de Casa e Televisão e Capitalismo no Brasil.

Com outro livro, Boi da Cara Preta, ganhou o prêmio de Poesia/Literatura Infantil e Juvenil, concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte, em 1983, e novamente o mesmo prêmio, em 1989, com o livro Tigres no Quintal.

De 1986 até 1994, foi membro editorial da Summus Editorial. Sérgio Capparelli partiu do folclore popular para escrever algumas de suas poesias infantis.



HENRIQUETA LISBOA

Escritora brasileira. Considerada pela crítica uma das poetas mais bem-sucedidas da moderna literatura do país.

Pouco conhecida do público, a mineira Henriqueta Lisboa foi consagrada por críticos do porte de Antônio Cândido e Alfredo Bosi como uma das poetisas mais bem-sucedidas da moderna literatura brasileira.

Henriqueta Lisboa nasceu em Lambari MG em 15 de julho de 1904. Estudou no Colégio Sion da cidade de Campanha MG e dedicou-se ao magistério. Estudou línguas e letras no Rio de Janeiro e, em Belo Horizonte, lecionou literatura nas universidades locais. Desde o segundo livro, Enternecimento (1929), recebeu vários prêmios literários, inclusive a Medalha da Inconfidência de Minas Gerais, com Madrinha Lua (1952), e o Prêmio Brasília de Literatura (1971) pelo conjunto de sua obra.
Inicialmente identificada com o simbolismo, Henriqueta Lisboa aceitou a influência do modernismo, mas permaneceu fiel aos temas de sua terra e de sua gente. A partir de Prisioneira da noite (1941) atingiu um lirismo que, nas palavras de Alfredo Bosi, distingue-a como "sutil tecedora de imagens capazes de dar uma dimensão metafísica a seu intimismo rad
ical". Autora ainda de A face lívida (1945), seu livro mais importante, Flor da morte (1949), Lírica (1958) e outras obras, Henriqueta Lisboa morreu em Belo Horizonte em 9 de outubro de 1985.



JOSÉ PAULO PAES

José Paulo Paes nasceu em Taquaritinga SP, em 1926. Estudou química industrial em Curitiba, onde iniciou sua atividade literária colaborando na revista Joaquim, dirigida por Dalton Trevisan. De volta a São Paulo trabalhou em um laboratório farmacêutico e numa editora. Desde de 1948 escreve com regularidade para jornais e periódicos literários. Toda sua obra poética foi reunida, em 1986, sob o título Um por todos. No terreno da tradução verteu do inglês , do francês, do italiano, do espanhol, do alemão e do grego moderno mais de uma centena de livros. Em 1987 dirigiu uma oficina de tradução de poesia na UNICAMP. Faleceu no dia 09.10.1998.




MÁRIO QUINTANA

Poeta gaúcho nascido em Alegrete, em 30 de julho de 1906, e morreu em 5 de maio de 1994, em Porto Alegre. Trabalhou em vários jornais gaúchos. Traduziu Proust, Conrad, Balzac, e outros autores de importância. Em 1940, lançou a Rua dos Cataventos, seu Primeiro livro de poesias. Ao que seguiram Canções (1946), Sapato Florido (1948), O aprendiz de Feiticeiro (1950), Espelho Mágico (1951), Quintanares (1976), Apontamentos de História Sobrenatural (1976), A Vaca eo Hipogrifo (1977), Prosa e Verso (1978), Baú de Espantos (1986), Preparativos de Viagem (1987), além de varias antologias.